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Conflitos pelo Ouro - Fotos/Reproduo: Portal do Professor (Mec) |
A invaso brutal e em atropelo impacientou at espectadores desinteressados, como o Padre Belchior de Pontes, que esconjurara, da aldeia de So Jos onde vivia, aqueles paulistas que se dirigiam para as minas, profetizando desgraas que sucederiam no grande levantamento futuro. O jesuta antevia os dios que iriam se desatar nas Minas Gerais, ontem sertes, habitados de feras e gentio. Os arraiais foram poucos, mas manifestado o ouro, surgiram de toda a parte: local para o lazer, a compra e a reza, no eram era domicilio nem lar, apenas uma demora, com carter de provisoriedade e improvisao, o importante era a cata, a minerao, no fundo dos vales. Levavam vida grosseira, rude, somente com o lar e a mulher surgiriam preocupaes de conforto. 16l2s
Em 6 de fevereiro de 1705, uma ordem real declarou que a licena de ar s Minas s seja dada s pessoas de qualidade. Estaria a crte alarmada na crena da extino fcil das minas? Desde ofcio de 20 de maio de 1698 de Artur de S e Menezes, havia ansiedade da corte: seriam menos ricas, seriam durveis? At 1704, houve dvida: s quando se descobrem as camadas e veeiros da serra do Ouro Preto, formaes regulares e de nunca vista fertilidade, crem no resultado final e no destino das Minas - e o rei resolve derrogar as ordens proibitivas, franqueia caminhos. Com esta nova poltica, os Paulistas se sentem vencidos; reconcentram seu dio nos forasteiros.
No sculo XVII, as drogas da terra em So Paulo eram a farinha, panos de algodo, redes, trigo, marmelo, couros e carnes. A grande maioria dos tropeiros era reinol, movimentando o giro comercial 'Paulista', pois o natural da terra desprezava o comrcio como degradante. Do Rio de Janeiro subiam para as Minas os artigos da terra, como acar, aguardente, gado, feijo, arroz e farinha, e artigos importados como vidros, espelhos, sedas, damascos, pelcias, baixelas, vinhos, azeites, armas, plvora, sal, ferro etc. - e os escravos.
A Bahia, dada a grande facilidade de comunicao terrestre e a navegao pelo Rio So Francisco, era zona de povoamento antigo, havia currais no serto, importante centro importador de artigos europeus - a proibio do captulo XVII do Regimento nunca pode ser efetiva, a onda de contrabando foi irreprimivel, pois os moradores no permitiam, eram todos to absolutos que qualquer vaqueiro ou Paulista metido com a sua escopeta pelos matos daqueles sertes nem todos os exrcitos da Europa parece sero bastantes para o impedirem que entre e saia para onde quiser.
Se no fosse boiadeiro, no poderia, teoricamente, entrar. Outro produto, alm do gado, foi o escravo - o contrabando era irrefrevel. A princpio os senhores de engenho vendiam seus negros gostosamente - depois com a elevao do preo, no mais. Potentados em gado, senhores das fazendas, tropeiros e comboeiros de negros se foram congraando e associando: uma das maiores figuras do contrabando foi Manuel Nunes Viana mancomunado com outros portugueses e baianos (no fundo, defendia os direitos que tinham os mineradores de alimentar-se, vestir-se e comprar de que quisessem, as coisas de que careciam) contra Borba Gato, Paulista defendendo a causa do rei.