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Maculel
Maculel - Foto: BerimBrasil

Dana de procedncia negra, ocorre normalmente na cidade de Santo Amaro da Purificao e tm a influncia ativa da cultura baiana. Esse show folclrico ocorre a mais de 100 anos. Segundo algumas pesquisas, feitas por santamarenses, o maculel veio das fazendas de canaviais para a cidade. O grupo se compe de alguns pares de homens, geis e fortes, cada qual armado de um basto de boa madeira de lei, principalmente biriba, medindo 60 ou 70 centmetros. O chefe do grupo usa um basto maior e mais forte. 115w4c

Durante a dana, os pares formam roda e o chefe bate com seu basto nos bastes dos pares e estes se defendem formando um “x” com os dois pedaos de madeira. Em seguida, o par troca golpes com os bastes, no mesmo ritmo da percusso.

Em apresentaes especiais, os bastes so substitudos por faces que, ao apagar das luzes, lanam fascas no ar a cada golpe. Sua data de apresentao variada, mas as exibies sempre acontecem durante a festa de Nossa Senhora da Purificao e no Bemb do Mercado, realizado em maio, comemorando a Abolio da Escravatura.

Muito comum no Interior da Bahia, precisamente na Regio do Recncavo e muito difundido na Cidade Santo Amaro da Purificao, o Maculel, dentro das celebraes profanas locais, comemorativas do dia de Nossa Senhora da Purificao (2/Fev.), a santa padroeira da cidade.

Essa manifestao de forte expresso dramtica, ponto alto dos folguedos populares, destinava-se a participantes do sexo masculino que danavam em grupo, batendo as grimas (bastes) ao ritmo dos atabaques e ao som de cnticos em linguagem popular, ou em dialetos
africanos. Dentre todos os folguedos existentes em Santo Amaro, cidade marcada pelo verde dos canaviais, o Maculel era o mais rico em cores. Seu ritmo vibrante contagiava a todos.

So contraditrias e pouco esclarecidas suas origens. Tem-se como um ato popular de origem africana que teria florescido no sculo XVIII nos canaviais santo-amarense e que se integra, h mais de duzentos anos, nas comemoraes daquela cidade.

Um dos seus registros mais significativos consta na nota fnebre publicada pelo jornal 'O Popular' (10/Dez/1873), que circulava em Santo Amaro: 'Faleceu no dia primeiro de dezembro a africana Raimunda Quitria, com a idade de 110 anos. Apesar da idade, ainda capinava e varia o adro
(terreno em volta) da igreja da Purificao, para as folias do Maculel. No incio deste sculo, com a morte dos grandes mestres de Maculel daquela cidade, o folguedo comeou a desaparecer, deixando de constar, por muitos anos, das festas da padroeira.

Em 1943, outro mestre, Paulino Alusio de Andrade, conhecido como Pop do Maculel e considerado como 'pai do Maculel, no Brasil', reuniu parentes e amigos para ensin-los a
danar, com base nas suas lembranas, pretendendo inclui-lo novamente nos festejos religiosas locais. Seu grupo ou a ser conhecido como 'Conjunto de Maculel de Santo Amaro'.

Entretanto, atravs dos estudos de Monoel Querino (1851-1932) que se encontram indicaes de tratar-se o Maculel de um fragmento do Cucumbi, uma dana dramtica em que os negros batiam pedaos rolios de madeira, acompanhados de cantos. Em seu 'Dicionrio do Folclore Brasileiro', Lus da Cmara Cascudo aponta a semelhana do Maculel com os Congos e Maambiques.

Emlia Biancardi escreveu um livro de ttulo 'Olel Maculel', considerado como um dos estudos mais completos sobre o assunto. Como a inteno aqui no arrolar todas as hipteses levantadas sobre as origens dessa dana folclrica, os exemplos acima citados j servem para demonstrar o grau de incerteza que persiste com relao s possveis interpretaes sobre os primrdios do Maculel.

O Maculel vem sofrendo profundas alteraes em sua coreografia e indumentria, cujo resultado reverte em uma descaracterizao. Exemplo: o que era originalmente apresentado como uma dana coreografada em crculo, com uma dupla de figurantes movimentando-se no seu interior
sob o comando do mestre do Maculel, foi substitudo por uma entrada em fila indiana com as duplas danando isoladamente e no tendo mais o comando do mestre. O gingado quebrado, voltado para o frevo, foi substitudo por uma ginga dura, de pouco molejo.

Mais recentemente, faz-se a apresentao sem a entrada em fila. Cada figurante posta-se isoladamente, sem compor os pares, e realiza movimentos em separado, mais nos moldes de uma aula comum de ginstica do que de uma apresentao folclrica requintada. Deve-se reconhecer que no s o Maculel mais por todas as demais manifestaes populares vivas ficam sempre muito expostas a modificaes ao longo do tempo e com o ar dos anos.

Assim aconteceu no Rio de Janeiro com o Maculel original, vindo da Bahia: sofreu alteraes. Entendo que todas essas modificaes devam ficar registradas, para permitir que os pesquisadores, no futuro, possam estudar as transformaes sofridas e tambm para orientar melhor aqueles que vieram a praticar esse folguedo popular, de extrema riqueza plstica, rtmica e musical, que o Maculel.

Onde assistir: Em toda a Bahia

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