Independncia da Bahia 5l6u6z

Independncia da Bahia (Antnio Parreiras 1.860) Foto: Domnio Prprio

A Independncia da Bahia foi um movimento que, iniciado em 1821 (mas com razes anteriores) e com desfecho em 2 de julho de 1823, motivado pelo sentimento federalista emancipador de seu povo, terminou pela insero daquela ento provncia na unidade nacional brasileira, durante a Guerra da independncia do Brasil. Aderira Salvador Revoluo liberal do Porto, de 1820 e, com a convocao das Cortes Gerais em Lisboa, em janeiro do ano seguinte, envia deputados como Miguel Calmon du Pin e Almeida na defesa dos interesses locais. Divide-se a cidade em vrios partidos, o liberal unindo mesmo portugueses e brasileiros, interessados em manter a condio conquistada com a vinda da Corte para o pas de Reino Unido, e os lusitanos interessados na volta ao status quo ante. u5443

Dividem-se os interesses, acirram-se os nimos: de um lado, portugueses interessados em manter a provncia como colnia, do outro brasileiros, liberais, conservadores, monarquistas e at republicanos se unem, finalmente, no interesse comum de uma luta que j se fazia ao longo de quase um ano, e que somente se faz unificada com a prpria Independncia do Brasil a partir de 14 de junho de 1822, quando feita na Cmara da vila de Santo Amaro da Purificao a proclamao que pregava a unidade nacional, e reconhecia a autoridade de D. Pedro I.

Na Bahia a luta pela Independncia veio antes da brasileira, e s concretizou-se quase um ano depois do 7 de setembro de 1822: ao contrrio da pacfica proclamao s margens do Ipiranga, s ao custo de milhares de vidas e acirradas batalhas por terra e mar emancipou-se de Portugal, de tal modo que seu Hino afirma ter o Sol que nasceu ao 2 de julho brilhado 'mais que o primeiro'

Sementes da luta:

A partir da Conjurao Baiana (1798), pode-se afirmar que na Bahia, mais at que em Minas Gerais quando da Inconfidncia Mineira (1789), estava arraigado na populao o sentimento de independncia em relao a Portugal. Se em Minas o concilibulo se deu entre as famlias mais abastadas, na Bahia gente humilde participou ativamente, como por exemplo colando cartazes nas ruas concitando o apoio de todos.

A Revoluo liberal do Porto (1820) teve enorme repercusso na Bahia, onde era grande o nmero de portugueses. Como desdobramento, em fevereiro de 1821 uma conspirao de cunho constitucionalista eclodiu em Salvador. Dela participaram Cipriano Barata, Jos Pedro de Alcntara, o capito Joo Ribeiro Neves e outros. Detido o Comandante das Armas e soltos os soldados presos, foi lida uma proclamao que exortava: ...'Os nossos irmos europeus derrotaram o despotismo em Portugal e restabeleceram a boa ordem da nao portuguesa Soldados! A Bahia nossa ptria e ns no somos menos valorosos que os Cabreiras e Seplvedas! Ns somos os salvadores do nosso pas; a demora prejudicial, o despotismo e a traio do Rio de Janeiro maquinam contra ns, no devemos consentir que o Brasil fique nos ferros da escravido.'... E conclua: 'Viva a constituio e cortes na Bahia e Brasil - Viva El-Rei D. Joo VI nosso soberano pela constituio. Marcha.'

Os conspiradores liberais pretendiam, como em Portugal, uma constituio que limitasse o poder real. Habilmente, alguns foram adrede convencidos de que a verdadeira luta deveria ser pela manuteno do soberano no Brasil, entre eles o futuro marqus de Barbacena, ento marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes que, apesar de brasileiro, comandou a reao do governo, junto ao ento coronel Incio Lus Madeira de Melo. Lutas ocorreram at vitria dos revoltosos, sendo aclamado ao povo, na Praa da Cmara, o novo estado de coisas. O Governador, conde da Palma, foi Cmara Municipal e renunciou. Portugueses e brasileiros estavam unidos, e constituram uma Junta Governativa. Mas a situao no iria durar.

2 de julho: data mxima da Bahia:

Entrada do Exrcito Libertador, segundo tela de Presciliano Silva, mostra a agem dos soldados pelo arco feito pelas freiras do Soledade. No houve rendio de Madeira de Melo; este simplesmente embarcou, derrotado, com o que lhe restava de tropas na capital, cerca de quatro mil e quinhentos homens, que tomaram 83 embarcaes. As primeiras tropas brasileiras que entraram na capital foram as que estacionavam em Piraj e seguiram at So Caetano, sob o comando do coronel Joo de Souza Meira Giro, trecho da antiga 'estrada das boiadas' que, depois, ou a chamar-se Estrada da Liberdade.

Teriam sido recebidos, segundo a tradio, por um arco do triunfo feito em flores pelas irms do Convento da Soledade. Tambm ali seguiam Jos Joaquim de Lima e Silva, frente do Batalho do Imperador e comandante-em-chefe e o Coronel Antero Jos Ferreira de Brito com os homens que tomaram as trincheiras da Lapinha e Soledade. Outras tropas ingressaram na cidade, ocupando-lhe os quartis e pontos-chave de sua defesa: Felisberto Gomes Caldeira saiu de Armao e Rio Vermelho rumo ao Toror, Barra, Graa e Corredor da Vitria, ocupando os quartis do Campo da Plvora, Palma, Gamboa e Forte de So Pedro, e ainda a Casa da Plvora, nos Aflitos. Major Jos Leite Pacheco, saindo de Armao e da Pituba, segue pela rea conquistada pelo Major Silva Castro em Cruz de Cosme e vai para o Carmo. Ocupam o Convento do Carmo, e postos em So Bento, Piedade, Jerusalm (ou Hospcio), Noviciado (atual So Joaquim) e Santa Tereza.

Ao todo chegam a Salvador, no 2 de julho, um total de 8.686 oficiais e soldados, sem contar as mais de mil mulheres que os acompanhavam no auxlio, cozinha e socorro.